Um breve panorama da música de concerto
brasileira: A música erudita brasileira nasceu nas igrejas
no barroco mineiro e baiano. Ao longo dos séculos, a construção de uma
identidade musical genuinamente brasileira ainda é passível de muita discussão,
pois a nossa formação musical sofreu larga influência europeia, fruto da
opressão colonizadora que o Brasil viveu desde o seu descobrimento até o final do século XIX.
Essa
vertente da produção musical brasileira por muitos é considerada como o último tesouro ainda por ser descoberto e verdadeiramente explorado da cultura do
país. À exceção do célebre Villa-Lobos, e também de Camargo Guarnieri, pouco se
conhece a respeito dessa imensa produção musical. Isso se dá tanto nos meios
internacionais como, espantosamente, entre os próprios músicos brasileiros, que
bastante sabem e executam Mozart, Beethoven e Brahms, mas que pouca informação
tem de compositores brasileiros contemporâneos e mesmo de outros períodos.
Somente
no século XX, que a música nacionalista brasileira introduziu-se e foi
consolidada. Nessa época, nomes como Alberto Nepomuceno e Brasílio Itiberê da
Cunha eram ignorados pelas ditas excessivas brasilidades de suas composições e
admitia-se Carlos Gomes pelo seu grande sucesso na Europa.
É a partir de
Villa-Lobos que o Brasil e o mundo descobrem a música erudita e o país passa,
desde então, a produzir talentos em série: Lorenzo Fernandez, Francisco
Mignone, Radamés Gnatalli, Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Cláudio Santoro,
Edino Krieger, Waldemar Henrique e Marlos Nobre são alguns desses expoentes.
Esses compositores se debruçaram à pesquisa da música dos índios, das nossas
lendas amazônicas e também do ritmo e expressiva música de matriz africana,
trazida pelos negros escravizados.
Daí a importância da
difusão desse repertório para as grandes massas, pois quando se fala de música
brasileira, a primeira (e muitas vezes, única) referência que se faz é da MPB
como publicou certa feita, o jornalista Irineu Franco Perpétuo: “Para o bem ou
para o mal, os intelectuais orgânicos brasileiros, na área de música, são gente
como Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento e não Almeida Prado,
Edino Krieger ou Gilberto Mendes, por mais que possamos admirar e respeitar o
talento desses compositores”.
A música erudita
brasileira é fresca, dotada de elementos únicos, riquíssima e fascinante por
ser cosmopolita. Mas mesmo hoje, o Brasil ainda é um país que não percebeu o
devido valor da música de concerto, apreciadíssima hoje em dia na França,
Alemanha e até no Japão, talvez por causa de nossa história ou de nossa
situação político-econômica. Os músicos eruditos e os artistas em geral são
como na opinião do professor Koellreutter, "uma espécie de Quixotes, que
lutam contra os moinhos de ventos". (Carlos Eduardo Santos)
PROGRAMA
LUA BRANCA - Chiquinha Gonzaga
ACALANTO - Sérgio
Bittencourt- Sampaio
NASCENTE - Flávio
Venturini/ Mário Antunes arr.: Alexandre Zilahi
RECOMENDAÇÃO - Babi de
Oliveira
MELODIA SENTIMENTAL -
Heitor Villa Lobos
NHAPOPÉ - Heitor Villa
Lobos
FOI BÔTO, SINHÁ -
Waldemar Henrique
COBRA GRANDE - Waldemar
Henrique
ODEON – Ernesto Nazareth
CANCIONEIRO DE LAMPIÃO,
nº 2 (É LAMP, É LAMP É LAMPA) - Marlos Nobre
FUNERAL D’UM REI NAGÔ -
Heckel Tavares
XANGÔ - Babi de Oliveira
CANTO PARA YEMANJÁ -
Tradição Ketu arr.: Ciro Costa
IEMANJÁ ÔTÔ - Marlos
Nobre
ESTRÊLA DO MAR - Marlos
Nobre
AMOR EM LÁGRIMAS -
Cláudio Santoro
VELEIRO - Sérgio
Bittencourt-Sampaio
SERENATA - Alberto Costa
CANÇÃO DO POETA DO
SÉCULO XVIII - Heitor Villa Lobos
FIZ DA VIDA UMA CANÇÃO -
Waldemar Henrique
UIRAPURU - Waldemar Henrique arr.:
Eduardo D. Carvalho