Sem que se defenda a atuação dita controversa dos jesuítas no Brasil, fiquemos com a riqueza literária dos sermões do Padre Antônio Vieira.
Em tempos de colocações políticas e comentários infundados, crise econômica e estardalhaço das notícias de corrupção, cabe apreciar a austeridade das palavras de Antônio.
Para quem o nome Antônio Vieira soa desconhecido, consta que este foi pastor, político, diplomata, pregou “nas lonjuras do sertão e no requinte dos salões”, inclusive, safando-se com primorosa autodefesa do corrupto tribunal da Inquisição. É característica de sua oratória a veemência, as palavras incisivas, a certeza absoluta.
No sermão que nos coube lembrar frente o momento, Antônio de Pádua, o santo, inspira a retórica de Vieira, o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, proferido em São Luis do Maranhão a 13 de junho de 1654, é construído, como convém ao estilo de Vieira, sobre alegorias que representam as condutas esperadas ou desviantes dos homens na terra.
Deixamos aqui um dos registros mais famosos do conjunto de obra de 207 sermões, responsáveis por garantir ainda em vida o reconhecimento ao seu ator. Conforme uma profissão de fé e defesa inconteste da ética, os textos reúnem-se como ataques aos desvios gananciosos, louvor às virtudes do trabalho e repúdio ao pecado da ociosidade.
Na voz de Maria Bethânia, eis um trecho do sermão...